terça-feira, 17 de agosto de 2010
sábado, 14 de agosto de 2010
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segunda-feira, 7 de junho de 2010
A ILHA DO MOSQUEIRO: NA ROTA DA HISTÓRIA
CHAPÉU VIRADO
Século passado, primeiras décadas. Momentos que lá se vão carregados pela voragem do tempo. Cenas que não presenciamos e que buscamos reconstruir pelo poder da imaginação. Parece-nos ainda ver os visitantes em seus melhores trajes desembarcarem no trapiche da Vila e, ano após ano, seguirem alegremente em caleches e tilburis (carruagens de tração animal), no bondinho puxado a burro, no trenzinho conduzido por uma locomotiva a vapor apelidada de Pata Choca e nos ônibus de carroceria de madeira. Seu destino: o Chapéu Virado, lugar preferido pela elite de Belém por seu intenso bucolismo e uma paisagem de beleza paradisíaca.
Chapéu Virado é nome antigo em registros cartográficos (Ponta-do-Chapeo-Virado, atualmente Ponta do Farol), de origem desconhecida, talvez uma referência à forma da enseada (chapéu beirado), talvez lembrança da velha clareira ali existente, hoje praça, ontem “o lugar onde o chapéu virava” arrancado da cabeça dos caboclos pelo vento forte que ali chegava canalizado por diversos caminhos.
No final do séc. XIX e início do XX, entre os anos de 1.880 e 1.912, no apogeu da borracha, a ilha foi descoberta pelos estrangeiros que trabalhavam em Belém, nas empresas como a Pará Eletric, Amazon River, Port of Pará e outras. Ingleses, franceses, alemães, americanos, portugueses, libaneses e hebraicos estiveram na costa oeste da ilha e muitos construíram, inclusive no Chapéu Virado, vários casarões, cuja arquitetura é um misto de estilos europeus com a realidade climática local, em traços que vão desde o barroco ao neoclássico. Posteriormente, a elite da sociedade de Belém aderiu a esse movimento na busca do merecido repouso de fim-de-semana.
E eles vinham, gente ruidosa, elegante, feliz, antegozando o fim-de-semana no convívio da família e dos amigos, sentindo a magia da Ilha na fartura do verde e das águas, no beijo ardente do sol ou no aconchego do luar. Alguns se dirigiam a seus chalés, vivendas e retiros; outros buscavam hospedagem no Hotel Chapéu Virado, o famoso Hotel do Russo, prédio que ainda existe, porém como um condomínio de apartamentos.
Família reunida em frente ao Chalé Cardoso, no Chapéu Virado antigo (Fonte: Blog H. Baleixe).
Fachada do antigo Balneário Hotel Chapéu Virado ainda em madeira (Fonte: Blog Haroldo Baleixe).
A princípio, humilde pousada em madeira e casa de pasto sob a administração do francês Monsieur Pinet, o Hotel Chapéu Virado passaria depois a ser conduzido pela firma Ferreira Gomes Cia. e pelo especialista em hotelaria Sr. Manuel Tuñas. Em 1.936, foi adquirido pelo casal português Manoel Maria Fernandes Tavares e Dona Glória Marques Tavares. O Sr. Tavares construiu um anexo em alvenaria ao antigo prédio e, com seu retorno a Portugal em 1.939, a gerência do hotel ficou nas mãos de sua filha Dona Carolina e de seu genro, o português Antônio Joaquim Ferreira, o Russo, apelido oriundo da cor de seus cabelos. Foi, então, que um incêndio destruiu a primitiva construção em madeira e os novos proprietários receberam do prefeito de Belém Abelardo Conduru e, depois, do governador Magalhães Barata, em forma de ajuda, o pagamento de três parcelas de vinte contos de réis, como financiamento para a reconstrução do hotel.
Entretanto, esse prédio não é o único marco histórico do local. Bem no meio da praça está a Capelinha do Sagrado Coração de Jesus, edificada pelo Sr. Guilherme Augusto de Miranda Filho, como pagamento de promessa por ter recuperado a saúde na ilha, e inaugurada em 17 de dezembro de 1.909 pelo arcebispo efetivo de Belém Dom Santino Coutinho. É dessa Capela que, no segundo domingo de dezembro, sai o Círio de Nossa Senhora do Ó, padroeira do povo mosqueirense, com destino à Igreja Matriz.
O Russo e família em frente ao Hotel Chapéu Virado (Fonte: Blog HB, foto: Hermínio Pessoa).
Capela do Sagrado Coração de Jesus e, ao fundo o Hotel Chapéu Virado (Meira Filho, 1978).
Banhistas na praia do Chapéu Virado. Vê-se, ao fundo, a curva do Porto Arthur (Fonte: Blog HB).
Poeta Mário de Andrade (1927), em traje de banho masculino, no Chapéu Virado (Fonte: Blog HB).
Dois outros prédios destacavam-se nos limites da Praça do Chapéu Virado com a Avenida Beira-Mar, ambos de frente para a praia. Um deles ainda existe, embora parte de seu terreno tenha sido negociado e abrigue duas farmácias: trata-se da Vivenda Porto Franco, em estilo neoclássico, antiga residência da família do Sr. José Franco. O outro era o Chalé do Coronel Lourenço Lucidoro Ferreira da Mota (Dr. Loló), Presidente da Executiva do Partido Republicano do Mosqueiro; depois foi transformado em casa de hóspedes, passou a ser propriedade do Dr. Cypriano Santos e, finalmente, demolido para a construção do Edifício Lilian-Lúcia.
Vivenda Porto Franco (Foto: Regina, 1.978).
Chalé do Dr. Loló em 1.907 (Meira Filho, 1.978).
A pracinha do Chapéu Virado (Praça Abelardo Conduru), na confluência da Avenida16 de Novembro com a Avenida Beira-Mar, ocupa um lugar privilegiado de onde, através do antigo Caramanchão, pode-se divisar a magnífica baía do Marajó e assistir a um belíssimo pôr-do-sol. Um lugar que guarda lembranças de fatos históricos como a luta heróica e sangrenta de nossos avós cabanos em 1.836; a aterrissagem na praia, em 13 de outubro de 1.927, do avião “Breguet 118” vindo de São Luís do Maranhão e pilotado por Paul Vachet; a chegada ao Hotel do Russo, em 14 de junho de 1.959, da expedição que, vinda de Belém, percorreu a pé, na mata, o trajeto da atual estrada; a primeira visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, no dia do Círio do Mosqueiro, em dezembro de 1.965; ou a presença, pela primeira vez na ilha, de um Presidente da República, Ernesto Geisel, que veio inaugurar, no dia 12 de janeiro de 1.976, a Ponte Sebastião Rabelo de Oliveira sobre o Furo das Marinhas.
Desbravadores traçando o percurso da futura estrada Belém-Mosqueiro em junho de 59 (Fonte: A. M. Filho).
Chegada dos expedicionários ao Hotel do Russo, na Praça do Chapéu Virado: o primeiro passo na futura estrada (Fonte: A. M. Filho).
Construção da estrada Belém-Mosqueiro (Fonte: A. M. Filho).
No Furo da Marinhas (1.965), uma placa que entrou para a História (Fonte: A. M. Filho)
Recepção à Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré em 1.965 (Fonte: A. M. Filho).
A Imagem Peregrina é conduzida em andor no Círio do Mosqueiro de 1.965 (Fonte: A. M. Filho)
Os tempos mudaram, no entanto a pracinha do Chapéu Virado continua sendo atraente, embora sem o “glamour” do passado que levou Arthur Pires Teixeira a torná-la famosa em Paris e sem o Hotel do Russo, o Ponto Chique, onde a nata da sociedade de Belém se reunia em festas de caridade, bailes, concursos e jogos.
E a praça recebe os visitantes da ilha com uma linda visão da Copacabana Mosqueirense e despede-se deles com a certeza de que, em breve, estarão ali novamente, vivendo as alegrias de momentos inesquecíveis.
Visão aérea da antiga Ponta-do-Chapeo-Virado, hoje Ponta do Farol (Fonte: A. M. Filho)
Visão panorâmica da antiga praia do Chapéu Virado ( Fonte: Blog Haroldo Baleixe)
Informações publicadas no Blog de Haroldo Baleixe
http://haroldobaleixe.blogspot.com/2009/04/mosqueiro-ilhas-e-vilas-in-post.html
em
"Mosqueiro Ilhas e Vilas."
Ao recuperar o livro Mosqueiro Ilhas e Vilas de Augusto Meira Filho, observamos que a dedicatória fora ao médico, acreano de nascimento, Hermínio Pessôa, um “grande mosqueirense” segundo Augusto.
Conseguimos fotografias tiradas na década de 1940 que registraram uma das viagens que o médico fez, com um grupo de amigos, à Ilha — é possível que Hermínio Pessôa seja o autor das fotos em que ele não aparece.
Encontramos na Internet uma crônica de alguém que diz ter frequentado os mesmos cenários da época: Francisco Simões (www.franciscosimoes.com.br). Ele poderá comentá-los melhor que nós, contudo, menos que Augusto Meira Filho e Hermínio Pessôa.
Capa do livro Mosqueiro Ilhas e Vilas, publicado em 1978, com foto de Dilermando Cabral Jr.
O engenheiro civil Augusto Meira Filho em ilustração de seu livro Mosqueiro Ilhas e Vilas.
Dedicatória de Augusto Meira Filho ao "grande mosqueirense" Hermínio Pessôa.
Uma "ida" de Hemínio Pessôa — de mãos dadas à moçoila — com um grupo de amigos, na década de 40, à Ilha do Mosqueiro.
A viagem de barco — Hermínio substitui sua camisa.
O Balneário Hotel ("do Russo") Chapéu-virado: Bar do Hotel.
A parte térrea da fachada do Balneário Hotel ("do Russo") Chapéu-virado. Nos dois detalhes, no final desta postagem, vê-se a fachada completa com dois pavimentos e parte do bar do hotel.
O Balneário Hotel ("do Russo") Chapéu Virado.
Capela da Praça do Chapéu-virado.
"NA PRAIA DO CHAPÉU VIRADO
Em certos dias muito me atormenta a realidade em que tenho que continuar a viver sob os aspectos tanto nacional quanto global. Diria que o presente não soube construir o futuro com o qual, em meu passado, tanto sonhei.
Mas preciso viver e, apesar de tudo, continuar a alimentar meus sonhos embora o real os defina como meras utopias. Que seja, mas tento resistir para acreditar em mim mesmo, na vida, no amor, na poesia, ou eu seria um morto vivo.
Momentos há entretanto em que prefiro mergulhar no meu passado, reviver períodos de imensa felicidade com os quais a lembrança me premia em forma de saudade. Doce saudade, infância, família, paz, férias. Anos 40 a 50.
Algumas vezes meus pais nos levavam a viver deliciosas férias na praia do Chapéu Virado. Ela se localiza na Ilha do Mosqueiro, há alguns quilômetros de Belém (PA). Naqueles tempos a única forma de lá se chegar era uma viagem de cerca de 2 horas num pequeno navio. Ele cortava lentamente as águas doces da Baía de Guajará.
Hoje, pelo que sei, as pessoas podem chegar ao Mosqueiro por terra, de ônibus ou em seus próprios carros. Fico imaginando que a paz que tanto amei naquele paraíso deve ter-se mudado de lá atualmente. É possível que tenha levado o silêncio consigo.
O barco aportava no pequeno ancoradouro da Ilha. Dali nos dirigíamos em pequenos ônibus, antigos, ou em charretes, pelas ruas, todas de chão, até chegarmos à praia de Chapéu Virado. Confesso que não conheço a origem daquele nome, mas lhe caía bem.
Sempre nos hospedávamos no Grande Hotel do Russo, um senhor forte, grande, corado e muito amigo dos meus pais. Pela manhã acordávamos cedo, já nos trajávamos apropriadamente para a praia e, após o desjejum nos dirigíamos às areias de Chapéu Virado.
O Hotel tinha dois blocos, o antigo, mais confortável, localizado entre árvores, e o mais moderno, um tanto frio na estrutura e nos seus cômodos. Costumávamos ficar ora num ou no outro.
O nosso toque de recolher ocorria ainda muito cedo. Não havia TV e, ademais, a ansiedade na espera do sol para a manhã seguinte nos impelia ao sono logo nas primeira horas de cada noite.
A praia ficava bem em frente ao Hotel e a pouca caminhada. Meu pai era um exímio nadador e eu um péssimo aprendiz de.
Afinal o sêo Mário fora remador dos bons da equipe de primeira da Tuna Luzo Comercial, e também campeão paraense de remo, por vários anos. Ele fazia questão de me dar umas aulas juntando sua técnica a uma paciência de Jó. Acabei aprendendo mesmo, apesar de aquelas praias serem todas de água doce o que facilitava a gente afundar mais rápido. Mas o professor era ótimo.
Na continuação da praia, para a esquerda, estava a praia do Farol. Ele se erguia sobre umas grandes rochas. Correr e jogar bola eram atividades indispensáveis, além de tentar nadar. Íamos até o Farol pegar alguns moluscos. Havia muitos por lá.
Após o almoço eu gostava de dar umas escapadas, sair sozinho do Hotel e ir até à praia enquanto o resto da família tirava sua sesta. Criança tem lá suas limitações impostas pelos cuidados maternos e paternos, claro, mas como eu não era de dar muito trabalho conseguia momentos de fuga para curtir sozinho a orla marítima.
Agradava-me muito andar calmamente pela rua em frente à praia, apreciando a beleza das casas, sentindo a brisa fresca e amena daquele horário, aspirando fundo o ar puro e me deleitando com o cheiro delicioso das inúmeras mangas rosa.
Além do mais deixava meus pensamento voarem, e o ambiente era muito convidativo a meditar. Por outro lado eu já era um bom sonhador desde criança.
Entre as casas e a praia havia muitas mangueiras que também nos ofereciam sua sombra reconfortante. Quanta saudade daqueles maravilhosos momentos.
Nada havia a temer, apenas curtir e curtir muito aquele pequeno paraíso. Eu esquecia da hora e ia caminhando e parando, me deixando envolver pelo silêncio amigo enquanto minha mente de menino viajava por uma felicidade que parecia eterna.
Levava meus passos até o farol e de lá voltava no mesmo ritmo. Quantos anos se passaram, quantas décadas, uma vida quase inteira.
Ilha do Mosqueiro, praia do Chapéu Virado, um sonho real do passado que não voltará mais. Restaram essas lembranças maravilhosas que preenchem minha vida, ainda hoje, quando a realidade atual nos sacrifica ou desanima.
Francisco Simões. (Outubro / 2006)" texto encontrado em: http://www.franciscosimoes.com.br/napraia.htm
Detalhe 01: vista da fachada do Balneário Hotel Chapéu Virado a partir da Capela.
Detalhe 02: vista da Praça do Chapéu Virado a partir do terraço do bar (esquina da Avenida 16 de Novembro) do Balneário Hotel.
Fotos gentilmente cedidas por Maria Isabela Faciola Pessôa.
Informações publicadas no Blog de Haroldo Baleixe
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=7541670058667455292
em 11 de abril de 2009
Belém do Pará: a Ilha do Mosqueiro no início do século passado.
Uma fotografia obtida na biblioteca virtual do IBGE (http://biblioteca.ibge.gov.br/) — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — complementa este post. Na biblioteca do IBGE existem apenas duas imagens da Ilha: a desta postagem e outra da praia do Chapéu-virado que pode ser vista neste blog em Belém do Pará: acervo fotográfico do IBGE.
Não é a Ponte do Mosqueiro, mas o TRAPICHE da Praia do Areião, inaugurado em 1908 para atracação de vapores que faziam a linha Belém-Mosqueiro.
Praça da Matriz — Igreja de Nossa Senhora do Ó: a Maria grávida.
A mesma Praça da Matriz em momento de festividade.
Trapiche do Mosqueiro em época não informada no site do IBGE.
P.S.: As imagens podem ser ampliadas, contudo, do modo precário como foram conseguidas, não garantem uma melhor visualização.
Informações publicadas no Blog de Haroldo Baleixe
- http://haroldobaleixe.blogspot.com/2009/04/para-ilha-do-mosqueiro-no-inicio-do.html
- em 9 de abril de 2009 22:40
Mário de Andrade no Mosqueiro: Chapéu-virado, 1927.
Por e-mail Francisco Simões nos enviou uma foto clássica do paulistano modernista Mário de Andrade a banhar-se na Praia do Chapéu-virado no ano de 1927.
Encontramos fotografias da época e aproximadas, possivelmente entre os anos de 1927, 1928 e 1929.
As tomadas são nos arredores do Chalé Adélia e Chalé Cardoso — este último situado no Chapéu-virado nº13, ainda de pé.
Chalé Cardoso — Chapéu-virado nº13.
Defronte ao Chalé Cardoso — Chapéu-virado nº13. Ao fundo hoje temos a barraca ASMUN — extinta Associação dos Servidores Municipais de Mosqueiro.
Chalé Cardoso — Chapéu-virado nº13.
Foto tirada na Praia do Chapéu-virado defronte ao Chalé Cardoso — na perspectiva, ao fundo, vê-se a curva à Praia do Porto Arthur.
P.S.: Não temos informações sobre a autoria das fotos inéditas aqui publicadas.
Fotos gentilmente cedidadas por Maria Isabela Faciola PessôaInformações publicadas no Blog de Haroldo Baleixe em 11/04/2009
http://haroldobaleixe.blogspot.com/2009/04/mosqueiro-ilhas-e-vilas-in-post.html
domingo, 30 de maio de 2010
A OCORRÊNCIA DE COLIFORMES FECAIS NAS ÁGUAS DE MOSQUEIRO
Walter Pinto
Água suja não pode ser lavada. O provérbio africano, mencionado pelo professor Armando Mendes na abertura do seminário internacional "Problemática do uso local e global da água da Amazônia", se aplica bem à região, onde a ação do homem nos recursos hídricos tem provocado danos irreparáveis principalmente às populações locais.
No plano internacional, a escassez de água é a mais recente preocupação, sendo percebida e anunciada como verdadeira catástrofe mundial, como afirmou a pesquisadora Bertha Becker, do departamento de Geografia da UFRJ. "A água está rareando em todo planeta, a ponto de lhe serem atribuídos um valor similar ao do petróleo no século XX", disse.
Enquanto em diferentes partes do mundo, experiências alternativas buscam solucionar a questão da escassez, como as 7.500 usinas de dessalinização em operação, o Brasil detém 18% das reservas de água doce do planeta. A maior parte destas águas está concentrada na Amazônia.
Se não há escassez na região, as águas, nem por isso, chegam aos lares de todos os amazônidas. E nem tampouco estão livres da contaminação por arsênio, cromo, chumbo e mercúrio.
Debates - Durante cinco dias, de 9 a 13 de março, pesquisadores de universidades e institutos de ciência e tecnologia da Pan-Amazônia, estiveram reunidos no auditório do Beira-Rio Hotel, para discutir o uso e a geopolítica das águas, identificando elementos para a formulação de políticas.
Coordenado pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, o seminário internacional fechou as comemorações pelos seus 30 anos.e se tornou o marco do Programa de Cooperação Sul-Sul. A sessão de encerramento contou com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral.
Em oito painéis, cada um com um expositor e dois debatedores, foram apresentados estudos sobre a poluição dos recursos hídricos, a importância para a navegação, os fatores determinantes da construção de hidrelétricas , a inserção da Amazônia na geopolítica da água, a legislação e os sistemas institucionais de gestão dos recursos hídricos e a cooperação amazônica para o uso sustentável destes recursos.
O seminário refletiu sobre o divórcio entre os grandes projetos e o desenvolvimento regional, como no caso da construção da usina hidrelétrica de Tucuruí. "Em 1975, providências para o aproveitamento dos potenciais da região Norte ganharam efetividade, só que não em benefício de seu povo e sim para dar suporte aos empreendimentos mínero-metalúrgico de altíssima demanda energética", expôs o cientista José Roberto da Costa Machado, da Universidade Federal do Amazonas.
O professor e pesquisador Camilo Dominguez, da Universidade Nacional da Colômbia, mostrou seus estudos sobre a navegabilidade nas três principais bacias hidrográficas da Amazônia, formadas pelos rios Amazonas, Orenoco e Guianas. Criticou a construção de barragens sobre os rios amazônicos, por se constituírem em intervenções controvertidas com graves conseqüências sobre ecossistemas e comunidades indígenas e de colonos que vivem nas áreas inundadas.
O coordenador do Naea, professor Luis Aragon, ao falar sobre cooperação amazônica e uso da água, considerou "indecente que, em pleno século XXI, milhões de pessoas não tenham acesso à água realmente potável e que tantas crianças deixem de sobreviver por falta de água ou por consumo de um produto contaminado".
As análises consistentes da geopolítica do uso da água nos Trópicos Úmido apresentadas no Seminário representam uma contribuição para o Foro Mundial sobre a Água que se reunirá em Kyoto, no Japão.
Ministro quer reduzir fosso científico entre Norte e Sul
O ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, está ligado à Amazônia por vínculos sentimentais. Seus familiares vieram cedo para a região. O avô, líder abolicionista no Ceará, foi fazer a campanha no Amazonas. Parte da família ficou no Pará. O ministro viveu em Belém por certo tempo e guarda boas recordações da cidade.
Também o ligam questões de ordem política. "Como brasileiro, sul-americano, tenho a convicção de que a Amazônia é uma solução de todos os povos que fazem a região", disse no pronunciamento de encerramento do seminário sobre a problemática do uso da água, promovido pelo Naea. Esta foi a segunda visita do ministro em menos de um mês à Amazônia.
Ao assumiu o MCT, Roberto Amaral propôs uma ampla discussão em torno de um tema polêmico: a desconcentração de recursos. Avisou que a prioridade será agora para Estados mais carentes, "para que deixem de ser carentes".
Em Belém, garantiu que a Amazônia receberá melhor tratamento no governo Lula. Ele se mostra disposto a reduzir o enorme fosso que separa o Norte do Sul, historicamente melhor aquinhoado pelos recursos federais.
Falando como um amazônida, Amaral diz que "a nossa região tem sido vítima da biopirataria, muitas espécies estão ameaçadas, sabemos que a bacia amazônica também tem fragilidades, existe uma perigosa contaminação de chumbo e mercúrio". A saída para assegurar a integridade da região, do seu ponto de vista, é o investimento no desenvolvimento. "A grande vacina da Amazônia é o seu desenvolvimento, mas um desenvolvimento sustentável que tenha como base a qualidade de vida dos seus habitantes".
O ministro garante que o governo federal fará o que for da sua competência. "Não há possibilidade de desenvolvimento da Amazônia sem investimentos em energia, mas seu preço não pode ser a degradação ambiental. Há um novo ministério de Minas e Energia, há um novo ministério de Meio Ambiente, que carregam consigo estas preocupações. Vamos ter uma política de desenvolvimento regional, fortalecendo as instituições de excelência, como o Inpa, o Goeldi, as universidades".
O desenvolvimento, porém, observa, "não pode ser somente um projeto do governo; tem que ser um projeto do povo brasileiro, um projeto da sociedade, que influa no nosso governo, mas também nos governos que o sucederem".
Neste sentido, Roberto Amaral tomou como exemplo a realização do próprio seminário internacional sobre a problemática do uso da água. "Aqui estão reunidos o governo federal, as universidades, os organismos regionais, a Unesco e a sociedade civil. Este é o modelo que estamos propondo, um grande laboratório, cuja qualidade dos trabalhos e suas conclusões indicam que estamos no caminho certo", explicou.
Os trinta anos do Naea
O Naea chegou aos trinta anos como uma referência internacional em estudos amazônicos. O ministro Roberto Amaral fez elogio à sua atuação, enquanto pesquisadores de instituições Pan-amazônicas pedem a abertura de similares em suas regiões.
Não foi fácil tornar o Naea essa referência. A concepção interdisciplinar proposta em 1972 por um de seus idealizadores, o professor Armando Mendes, era tão avançada que nem mesmo instituições de fomento, como o CNPq, sabiam como enquadrar a sua pós-graduação.
A concepção também gerou dificuldades em relação ao corpo docente do nascente núcleo. Seus professores pertenciam aos diferentes departamentos e centros da UFPA.Essas dificuldades só foram superadas na gestão do reitor Nilson Pinto, quando foi autorizado ao NAEA ter um corpo docente próprio.
Nestes trinta anos, o Naea formou mais de 500 especialistas, mais de 160 mestres e, até 2002, tinha formado 18 doutores. A concepção interdisciplinar permite que profissionais de qualquer área possam cursar a sua pós de graduação, que a cada ano bate recordes de procura, demanda esta não só brasileira, mas de vários países da América Latina.
Voltado para os estudos sobre a Pan-Amazônia, o Naea se transformou num poderoso laboratório sobre questões do desenvolvimento, de onde saem docentes e pesquisadores para as instituições de ensino superiores e também técnicos para as áreas de governo e instituições da sociedade civil.
A biblioteca Professor José Marcelino Monteiro da Costa é dotada de um acervo especializado em assuntos amazônicos, formado por 11.600 títulos de livros, 841 periódicos nacionais e estrangeiros, 17.903 fascículos, 223 livros raros e 610 teses e dissertações. Cerca de 60% desse acervo se encontra cadastrado na base de dados, podendo ser acessado através do endereço www.ufpa.br/bc.
O Naea conta ainda com sua própria editora responsável pela editoração dos estudos produzidos por seus pesquisadores. A linha editorial está agrupada em cinco categorias: Livros, Prêmio Naea, Periódico Novos Cadernos, Papers e Publicações Eletrônicas.
O tamanho do crescimento do Núcleo faz com que o velho prédio na curva do Campus II se tornasse pequeno. A coordenação está pleiteando junto a Reitoria da UFPA, a ampliação do espaço físico, construção de mais salas de aulas e instalação da biblioteca em prédio próprio
Os poluídos e mortos canais de Belém
Sem praças ou áreas específicas para o lazer, as crianças vizinhas do campus Universitário do Guamá costumam apostar nado nas águas poluídas do Igarapé do Tucunduba. Em alegre algazarra, elas nem imaginam os perigos a que estão expostas.
A pesquisadora Vera Braz, mestra em Geofísica, vê a cena com tristeza. Ela sabe que o igarapé que corta o campus carrega uma enorme carga orgânica jogada por milhares de pessoas que habitam as suas margens.
"É uma sensação de tristeza porque, apesar da gente saber que as pessoas adquirem resistência à medida que são expostas a determinados elementos químicos e bacteriológicos, de qualquer maneira podem adquirir doenças, que qualquer um de nossos filhos, com os cuidados que temos em casa, não adquiririam", explica. "É por isso que os postos de saúde vivem cheios de crianças que necessitam de tratamento, nem sempre atendido".
A pesquisadora do Centro Tecnológico da UFPA se dedica ao estudo da poluição dos recursos hídricos da Amazônia, com área de concentração na Grande Belém. O quadro do Tucunduba em nada difere dos demais canais e igarapés que cortam a capital paraense.
Durante a apresentação do seu trabalho no seminário sobre o uso das águas na região, Vera Braz disse que esses cursos d'água se transformaram em esgotos a céu aberto.
Numa cidade onde apenas 4,8% da população dispõem do serviço de coleta e tratamento de esgoto, os canais e igarapés recolhem diariamente 70 toneladas de carga orgânica, que vão parar nas águas da baía do Guajará e no rio Guamá. E estamos falando apenas de lixo produzido pelo homem. Quando se contabiliza a contribuição da indústria, a situação se complica ainda mais.
Na verdade, os igarapés e canais de Belém estão mortos. A pesquisadora fez esta comprovação através da quantidade de oxigênio dissolvido. Doze dos quatorze canais das principais bacias apresentaram taxas de oxigênio muito abaixo do recomendado pela legislação. As exceções foram as bacias do Murutucum, a mais isolada, e do Aurá, que sofre a influência do aterro sanitário mas não é densamente habitada.
A maior concentração de carga orgânica é registrada na bacia do Una, a maior e mais densamente habitada. São 24, 3 toneladas todos os dias em direção à baía.
Os dados da pesquisa estão sempre atualizados e mostram que nem mesmo após a implantação da Macrodrenagem a quantidade de esgoto jogada nos canais da cidade diminuiu quanto era esperado.
"Não há dúvida que a Macrodrenagem melhorou a qualidade de vida da população da área atingida pelo programa. Hoje, há mais vias de acesso, a drenagem está sendo melhor efetuada, há um controle relativo de enchentes, melhorou também a questão de transporte, mas em relação a saneamento, esgotamento sanitário, infelizmente ainda deixa a desejar", afirma.
De acordo com Vera Braz, o projeto inicial da Macrodrenagem sofreu alteração. No lugar de uma estação de tratamento e rede coletora, fez-se opção por fossas, que nem sempre atuam com a eficácia sanitária desejada.
O problema, porém, não fica confinado às águas de Belém. Pesquisas mostram que as correntes do estuário se encarregam pelo possível deslocamento da grande carga poluidora lançada na baía do Guajará em direção às praias localizadas ao Norte da capital. E são justamente essas praias as mais freqüentadas pela população de Belém.
A ocorrência de coliformes fecais nas águas de Mosqueiro é tão intensa que atinge até mesmo praias mais distantes e isoladas, como o Paraíso.
É verdade também que parte da poluição do Mosqueiro é fruto da ausência de rede de esgoto e tratamento na ilha. O problema, no entanto, deve melhorar um pouco quando começarem a funcionar as 16 lagoas de estabilização em construção desde a vila até a praia do Chapéu Virado. O problema que afeta a balneação das praias, acredita Vera Braz, porém, não será eliminado.
Fonte: http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira07/noticias/noticia4.htm
Sem data de publicação
A ESTÓRIA ENCENADA NO BOI-BUMBÁ (DE MOSQUEIRO)
O Boi-Bumbá é uma manifestação folclórica encontrada em quase todos os municípios paraenses. E é no mês de junho que são feitas as apresentações, ainda em sua formação original. É provável que a trama venha das estórias nascidas com o ciclo do gado, nos séculos XVII e XVIII, quando a vida girava em torno do boi e de sua criação.
Conta-se que na Belém da segunda metade do século XIX, o Boi-Bumbá reunia negros escravos em um folguedo que misturava, ao ritmo forte, a representação de um motivo surpreendente para a época: a luta de classes dentro da sociedade colonial. O boi acabou se tornando uma das manifestações mais autênticas da cultura paraense.
A estória encenada no Boi - Bumbá é quase sempre a mesma, com pequenas alterações. Um boi foi comprado para a festa de aniversário da esposa do fazendeiro. Quando o animal chegou, o feitor recebeu ordem para tratá-lo bem. Ao lado dessa fazenda morava uma família composta pelo pai Francisco, "Chico", sua mulher Catarina, seu compadre Casumba e mãe Guiomar.
Mãe Catarina, grávida, desejava comer língua ou coração de um boi. Pai "Chico" então resolveu procurar um. O primeiro que encontrou matou. Só que, antes que mãe Catarina realizasse seu desejo, apareceu o dono do boi falando que o bicho era de estimação e que desejava seu boi vivo.
Todos saíram à procura de um pajé para ressuscitar o boi. O pajé foi logo pedindo cachaça, defumação e tabaco. Sentou-se no seu banco, passou cachaça nos braços, acendeu um cigarro e abriu os trabalhos.
Assim que o boi foi ressuscitado todos cantaram e dançaram. É aí que o animal começa a fazer investida contra as pessoas que assistem à encenação. A composição do elenco varia de grupo para grupo e de região para região. De um modo geral todos incluem ainda a moça branca filha do casal de fazendeiros, vaqueiros, cuzimbá (um preto velho), a maloca dos índios com seu chefe, o doutor curador, o padre e o tripa ( a pessoa que dança em baixo do boi).
A seguir os grupos de Boi-Bumbá encontrados em Belém:
Boi- Bumbá "Pingo de Ouro"
Fundado em 1969, tem 75 integrantes. Surgiu da extinção do Boi- Bumbá "Arranca- Toco", da vila de Icoaraci, e pesquisa de outros grupos folclóricos que se exibiam à época na vila.
Boi- Bumbá "Pai da Malhada"
Boi-Bumbá "Flor do Campo"
Fundado em 1960, tem 62 integrantes. Foi trazido para Belém pelo Sr. Emílio da Paixão que resolveu trazer a público um Boi- Bumbá de sua autoria. Seu Emílio trouxe a experiência da ilha do Mosqueiro, a 60 km de Belém, onde participava do Boi- Bumbá "Pai do Campo".Boi- Bumbá "Flor do Guamá"
Fundado em 1975, tem 50 integrantes. O grupo folclórico "Flor do Guamá" começou com uma turma de crianças moradoras da passagem Caparari, no bairro do Guamá, em Belém. A brincadeira surgiu à base do improviso. As barricas foram feitas com latas de leite vazias e os pandeiros com latas de goiabada. A indumentária era de serrilha e folhas de açaizeiro, previamente pintadas para as apresentações.
Boi- Bumbá "Flor da Noite"
O grupo folclórico "Flor da Noite" foi fundado em 1982. Tem 30 integrantes. Surgiu no Guamá durante a quadra junina. Como na época só existiam três grupos folclóricos, o senhor Álvaro de Souza resolveu formar uma brincadeira que viesse atender à carência de lazer na área onde mora.
Boi- Bumbá
"Caprichoso"
Fundado em 1947, tem 45 integrantes. O grupo folclórico "Caprichoso" foi fundado na ilha de Mosqueiro. Em 1964 instalou-se na cidade de Belém.Boi- Bumbá "Tira- Fama"
Fundado em 1958, tem 50 integrantes. A idéia de colocar o "Tira-Fama" na rua surgiu da necessidade de lazer na comunidade do bairro do Guamá. Naquela época havia apenas o Boi- Bumbá " Machadinha ", sem estrutura para absorver todos os interessados em brincar a quadra junina. O Sr. Elias, mais conhecido como seu "Setenta", foi o responsável em congregar amigos e familiares para formar o "Tira- Fama".
Boi- Bumbá "Estrela D´Alva"
O grupo folclórico "Estrela D´Alva", fundado em 1963, tem 48 integrantes. Surgiu quando o Sr. Solino Gonçalves, do bairro do Guamá, reuniu um grupo de garotos em sua casa para organizar a brincadeira. Foi confeccionado um modesto Boi com latas e caixas de madeira e os instrumentos foram improvisados. O nome "Estrela D´Alva" foi dado em homenagem à sua filha D´Alva.
Fonte: http://www.cdpara.pa.gov.br/boi.php
A NOVA RÁDIO DO MOSQUEIRO
terça-feira, 25 de maio de 2010
A entrada no ar da Praiana tem o esforço do deputado federal Wladimir Costa, o Wlad.
Ontem mesmo dei entrevista na Rádio Praiana, falando sobre como está o nosso governo, quais os desafios transpostos e os que iremos vencer.
Sempre na luta e de mãos dadas com o nosso povo!
Estamos no rumo certo. Vamos que vamos, Pará! (Fotos Liza Soane, da equipe do blog).
segunda-feira, 24 de maio de 2010
No ar, a rádio Praiana. De Mosqueiro
A rádio Praiana FM é um sonho antigo dos mosqueirenses, uma luta de 7anos, em que os moradores reivindicam a liberação do sinal pela Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações.
Sonho que vai ser concretizado também pelo esforço do deputado Wladmir Costa, o Wlad, que sempre esteve ao lado das comunidades que tanto lutaram para que este dia chegasse.
Postado por Blog Ana Júlia às15:00
quarta-feira, 26 de maio de 2010
O que disse Wlad no Mosqueiro
"Mosqueiro hoje recebe muitos presentes. Tem as patrulhas mecanizadas que a Regina Barata reivindicou pra gente, tem o NavegaPará que vai chegar aqui através do governo e a grande estrela desta tarde é a Praiana. E a segunda grande estrela é a governadora que fez a Praiana possível e foi eleita, por unanimidade,
O Mosqueiro tem a minha alma, o meu espírito e o meu amor! A luta de vocês é a minha luta"!
(Do deputado federal Wladimir Costa, o Wlad, no dia 25 de maio, dia em que a Praiana entrou no ar). Fotos de Liza Soane, da equipe do blog.